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Mercado de NPL: o papel da cessão de créditos não performados na economia

Repleto de oportunidades e com enorme potencial de expansão, o mercado brasileiro de cessão de créditos não performados tem experimentado crescimento expressivo nos últimos anos. Se até pouco tempo a área era vista com certa desconfiança, hoje ela se consolida como um caminho vantajoso na gestão financeira de empresas dos mais diversos segmentos. Mas, se comparado a mercados maduros como o norte-americano ou o europeu, o volume negociado no Brasil ainda é tímido quando se considera um potencial estimado em mais de R$ 1,2 trilhão por ano.

Mais do que um indicador de incapacidade de pagamento, o empréstimo inadimplente é um fardo tanto para o tomador quanto para o credor, papel normalmente exercido pelos bancos. Conhecidos pela sigla NPL (de Non-Performing Loans), os créditos não performados constituem uma preocupação para as instituições financeiras, pois impactam diretamente a lucratividade e a liquidez de suas operações.  Gerenciar os NPLs acaba sendo um desafio para essas instituições, uma vez que esse não é o seu foco de atuação.

Além disso, a inadimplência tem um efeito negativo na economia, já que os bancos passam a cortar crédito, provocando impacto no mercado como um todo. Do lado do devedor, as dívidas em atraso podem exigir a apresentação de bens como garantia, ou resultar na negativação do nome e em outras complicações dela decorrentes. Quando não resolvidas, dificultam a obtenção de novos financiamentos.
No artigo de hoje, vamos explorar o que são os NPLs, qual o seu impacto no mundo financeiro e como a cessão e gestão desses créditos podem influenciar a economia e a saúde financeira das instituições.

O que são créditos não performados (NPLs)?

Na prática, os NPLs são empréstimos ou financiamentos concedidos por instituições financeiras que estão em atraso por um período prolongado e cuja probabilidade de inadimplência é alta. Em termos simples, os NPLs são uma outra forma de designar os créditos de difícil recuperação.  Ou seja: a instituição credora assume que é pouco provável que esses créditos se convertam em dinheiro em caixa.

Genericamente, um empréstimo é classificado como NPL quando o devedor atrasa os pagamentos por um período superior a 90 dias, mas esse prazo pode variar conforme as normas do banco central de cada país e as políticas internas das instituições financeiras.

No caso de uma instituição financeira, esses créditos são registrados como prejuízo após 1 ano de atraso no pagamento. Passam, então, a ser classificados como “créditos não-performados”, o que significa que, como o próprio nome sugere, não formam performados no prazo previsto pelas instituições, e por isso são baixados em prejuízo.

Esses créditos não pagos geram ao banco, ou qualquer outra instituição, um ônus imediato pela inadimplência, que pode ser minimizado com sua venda ou negociação no mercado. A cessão de carteiras de NPLs com descontos significativos a investidores e empresas especializadas, com capital e apetite de risco para esse tipo de transação, acaba sendo uma solução rápida para oferecer liquidez aos bancos.

Impacto dos NPLs no setor financeiro

  1. – Risco à lucratividade

Os NPLs representam um risco direto à lucratividade das instituições financeiras. Quando um banco tem em sua carteira uma alta porcentagem de créditos não performados, isso significa que menos recursos estão disponíveis para gerar novos lucros. O banco, então, precisa provisionar esses empréstimos, ou seja, reservar parte dos lucros para cobrir possíveis perdas. Esse processo reduz a capacidade de gerar retorno para os acionistas e limita os recursos para novos investimentos.

  1. – Ameaça à liquidez

A liquidez é um dos pilares da saúde financeira das instituições bancárias, e nesse aspecto os NPLs representam um desafio significativo. Quanto mais créditos em atraso, menor é a capacidade do banco de obter recursos rapidamente. Isso porque os valores em NPLs representam ativos “congelados” que não podem ser facilmente convertidos em caixa. Em casos extremos, uma alta concentração de NPLs pode prejudicar a capacidade do banco de honrar compromissos de curto prazo.

  1. – Risco à concessão de crédito

Bancos que detêm uma carteira alta de NPLs tendem a ser mais cautelosos na concessão de novos créditos. Essa postura pode restringir o acesso ao crédito para empresas e consumidores, impactando a economia como um todo. Em períodos de crise, essa cautela pode ser ainda mais acentuada, criando um círculo vicioso em que a falta de crédito inibe o crescimento econômico e aumenta a inadimplência.

  1. – Ameaça à estabilidade econômica

Em larga escala, os NPLs podem afetar a estabilidade econômica de um país. Grandes volumes de créditos não performados podem desestabilizar o sistema bancário, principalmente em países onde as regulamentações financeiras são mais frágeis. Em crises financeiras, os NPLs costumam aumentar, o que pode levar à necessidade de resgates governamentais para evitar colapsos no setor bancário, como foi o caso na crise financeira de 2008.

O que é cessão de crédito

Para reduzir o impacto da perda financeira associada aos NPLs, as instituições que concedem crédito têm a opção de reuni-los e negociá-los com empresas especializadas ou investidores que, ao adquirirem essas carteiras de dívidas, passam a assumir também os riscos a elas associados e o direito de cobrá-las. Por meio dessa operação, chamada no mercado de “cessão de crédito”, os bancos conseguem recuperar parte do valor financiado em relação ao total da dívida.

Ao assumirem as carteiras de NPLs, essas empresas contribuem para a formação de um mercado secundário desses ativos, ambiente que promove as negociações e define valores adequado, com base na oferta e na demanda.

Por serem especializadas na compra de NPLs, esses players empreendem esforços e usam toda sua expertise para renegociar dívidas atrasadas, recuperando a solvência tanto de pessoas físicas como de empresas endividadas.

Ou seja, por um lado, a comercialização dos NPLs é uma opção para bancos e empresas passarem adiante dívidas não pagas. Por outro, ela se torna uma oportunidade de investimento em distressed assets para empresas especializadas na compra, gestão e cobrança de dívidas vencidas, que contam com estrutura própria para atuar na recuperação de créditos dados como perdidos pelo credor original.

O papel das securitizadoras

 

Como vimos, o que é um problema para as instituições credoras pode significar, ao mesmo tempo, uma oportunidade de fazer caixa a partir desses créditos e, assim, reduzir o impacto do prejuízo decorrente da inadimplência.

A venda de carteiras de crédito baixadas em prejuízo libera recursos financeiros e humanos e, além de possibilitar a recuperação de perdas, permite levantar capital para, por exemplo, investir em novos projetos, na abertura de filiais ou em novos ciclos de financiamento.

Como essas empresas não contam com uma estrutura própria para gestão e cobrança de dívidas, torna-se vantajoso para elas ceder esses créditos, a um valor de mercado, para empresas especializadas – as securitizadoras.

As securitizadoras atuam para fechar o ciclo de uma dívida em aberto, dessa forma desonerando as estruturas das empresas credoras, que podem assim focar em seu core business. E, ao mesmo tempo, propiciam ao consumidor a oportunidade de negociar suas pendências com mais flexibilidade e condições melhores das que encontravam em seu banco, podendo, assim, recuperar seu crédito no mercado.

Regulação e controle dos NPLs

As autoridades reguladoras, como o Banco Central, desempenham um papel fundamental na supervisão dos NPLs. Elas estabelecem normas para que os bancos identifiquem e provisionem créditos não performados de maneira adequada.

Além disso, algumas regulamentações exigem que os bancos mantenham um capital mínimo em reserva para enfrentar crises de inadimplência, ajudando a proteger a estabilidade do sistema financeiro.

Em muitos países, os reguladores também incentivam a criação de “bad banks” — instituições que compram os NPLs dos bancos comerciais, com isso contribuindo para que as instituições financeiras limitem os riscos em seus balanços e foquem em atividades lucrativas.

A importância do mercado de NPL para a economia

Além de representar uma oportunidade para investidores, o aquecimento do mercado de créditos inadimplidos acaba por beneficiar a economia brasileira como um todo.

Isso vale para o pequeno devedor — que encontra nos fundos de investimento cessionários de carteiras uma flexibilidade maior da que encontrava em seu banco, com isso revigorando seu crédito no mercado — aos grandes conglomerados financeiros, que podem assim desonerar suas estruturas para atuar em seu core business, gerar alguma liquidez com créditos considerados “podres”, passando pelas empresas, que encontram nos fundos “distressed” caminhos para viabilizar e aprovar seus planos de recuperação.

Ou seja, em um cenário de alto endividamento como o atual, a cessão de carteiras passa a ser fundamental para mitigar os efeitos da inadimplência nas contas e no consumo de capital dos bancos. Que, ademais, podem abater do imposto as perdas decorrentes de vendas das carteiras.

Todo esse ciclo e amplitude de atuação do mercado de special situations contribui de forma decisiva para a recondução de empresas e pessoas à normalidade de suas vidas financeiras, possibilitando a elas, ainda, reiniciar novo ciclo de acesso ao crédito, fator preponderante para a retomada da economia.

Como a MGC Capital atua no mercado de créditos não performados

Por meio de FIDCs – Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios, a MGC Capital é especializada em investir na aquisição de portfolios de NPL e de ativos inadimplentes do mercado corporativo (single names) e detém ampla expertise no processo de retorno dos créditos investidos.

Amparada por profissionais capacitados e experientes em situações de alta complexidade, a MGC Capital atua por meio de metodologias próprias na implementação de soluções integradas, que combinam gestão de processos financeiros e jurídicos para alcançar a melhor performance nos resultados.

A solidez e a reputação da MGC Capital a credenciam para assumir o comando nas negociações de dívidas de alta complexidade junto a empresas e instituições financeiras. Saiba mais sobre nossas soluções.