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Indicadores de endividamento: quais são os principais e como analisá-los na sua empresa

 

Empresas de todos os tamanhos enfrentam momentos em que o endividamento se torna necessário para expandir operações, investir em novos projetos ou cobrir custos. Até certo ponto, portanto, assumir dívidas faz parte do processo natural de crescimento de qualquer empreendimento. No entanto, para que essas dívidas não comprometam a saúde financeira do negócio, é essencial que os gestores acompanhem e analisem de perto os indicadores de endividamento.

Esses indicadores fornecem uma visão clara sobre o nível de dívida da empresa, a capacidade de pagamento e os riscos financeiros envolvidos. Ou seja, fornecem uma espécie de radiografia da saúde financeira do negócio, servindo como base para os gestores nas tomadas de decisão.

No artigo de hoje, a MGC Capital traz um panorama dos principais indicadores de endividamento e como eles podem ser analisados para auxiliar na tomada de decisões financeiras.

O que são indicadores de endividamento?

São métricas utilizadas para avaliar o grau de endividamento de uma empresa. Por meio delas, é possível analisar não apenas o nível de dívidas do empreendimento, mas também sua capacidade de honrá-las.

Ao medirem a proporção de passivos em relação ao capital próprio, esses indicadores apontam o quanto a empresa depende do capital de terceiros (como empréstimos e financiamentos) para operar, e se sua dívida se encontra em nível saudável ou preocupante. Analisar esses dados permite uma melhor gestão das finanças, ajudando a identificar pontos de atenção e a tomar decisões mais conscientes sobre o uso de recursos externos.

Além disso, a análise desses indicadores costuma ser útil para investidores interessados em avaliar a viabilidade e as vantagens de investir em determinado negócio. Eles contribuem para guiar decisões estratégicas e financeiras ao fornecerem uma visão clara do risco financeiro e da sustentabilidade da empresa.

Dívidas de longo prazo X dívidas de curto prazo

Cada tipo de dívida tem características próprias e se adequa a situações específicas. Dívidas de curto prazo, por exemplo, são aquelas que têm um prazo para pagamento geralmente, inferior a um ano. Essas obrigações são ideais para cobrir despesas imediatas ou investimentos que terão retorno rápido. Em empresas, as dívidas de curto prazo são frequentemente usadas para financiar o capital de giro, como pagamento de fornecedores.

Já as dívidas de longo de longo prazo têm prazos de pagamento superiores a um ano, sendo frequentemente utilizadas para novos investimentos no empreendimento, como imóveis, veículos, modernização ou expansão de negócios. Esse tipo de crédito é indicado para investimentos em que o retorno financeiro ocorre de forma gradual, permitindo que o fluxo futuro de receitas comporte o pagamento das parcelas, ao longo do tempo.

Exemplos de dívidas de curto prazo:

  • Empréstimos pessoais com prazos curtos
  • Financiamento de capital de giro para empresas
  • Empréstimos para pagamento de despesas sazonais
  • Cartões de crédito

Exemplos de dívidas de longo prazo:

  • Financiamento de imóveis e veículos
  • Financiamentos empresariais para expansão ou aquisição de ativos
  • Empréstimos estudantis (no caso de cursos longos)
  • Crédito imobiliário

Cenário do endividamento de empresas no Brasil

O endividamento das empresas brasileiras vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, impulsionado por diversos fatores econômicos e estruturais. Segundo aponta um levantamento recente da Serasa Experian, o número de Recuperações Judiciais saltou 68,7%, em 2023, se comparado a 2022 (?), atingindo 1,4 mil pedidos. A mesma instituição também aponta que, em janeiro de 2024, foram registradas 6,7 milhões de empresas inadimplentes no Brasil.

O período da pandemia de COVID-19 foi um dos mais desafiadores, levando empresas de todos os portes a buscar crédito para sobreviver, e os reflexos se verificam até hoje. Esse movimento gerou um aumento significativo na dívida empresarial, especialmente entre pequenas e médias empresas, com menos acesso a linhas de crédito vantajosas e maior vulnerabilidade financeira.

Outro fator que tem contribuído para o aumento do endividamento empresarial no Brasil é a alta taxa de juros. Com a taxa Selic elevada, o custo de obtenção de crédito também cresce, tornando o pagamento das dívidas mais oneroso para as empresas. Em muitos casos, os juros elevados acabam dificultando o pagamento das parcelas, resultando em inadimplência e aumento do endividamento.

Esse cenário reforça a importância de acompanhar e analisar regularmente os indicadores de endividamento do negócio. O monitoramento regular desses indicadores ajuda a empresa a se antecipar a problemas financeiros e tomar medidas corretivas a tempo de se evitar uma situação de crise irreversível.

Principais Indicadores de Endividamento

– Índice de Endividamento Geral (EG)

O índice de endividamento geral mede a proporção entre o total das dívidas da empresa e seu patrimônio líquido. Ele mostra o quanto a empresa depende de capital de terceiros em relação ao capital próprio. Quanto maior o índice, maior é a dependência de recursos externos, o que pode representar um risco.

Fórmula:

EG = (Capital de Terceiros / Ativos Totais) x 100

Um índice muito alto pode indicar que a empresa está excessivamente alavancada, o que pode trazer dificuldades em momentos de crise. No entanto, cada setor tem uma média específica, então é importante comparar o índice com os padrões da indústria.

Imobilização dos Recursos a Longo Prazo (IRPL)

O IRPL aponta o quanto a empresa aplica de recursos de longo prazo e de patrimônio líquido no seu capital imobilizado. Sendo assim, esse é um bom indicador para verificar a estrutura de capital da empresa. A sua fórmula de cálculo é:

Fórmula:

IRPL = Imobilizado / (Exigíveis de Longo Prazo + Patrimônio Líquido)

Quanto maior for o IRPL, maior é o risco da empresa não conseguir honrar com as suas dívidas.

– Índice de Participação de Capitais de Terceiros (PCT)

Esse indicador mede a relação entre o capital de terceiros (dívidas) e o patrimônio líquido da empresa. Ele mostra o quanto os credores contribuem para o financiamento da empresa em comparação aos acionistas.

Fórmula:

PCT = (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido)

Quanto maior o PCT, maior é a dependência da empresa em relação aos financiamentos de terceiros. Em casos extremos, essa dependência pode colocar a saúde financeira em risco, especialmente em períodos de juros altos.

– Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)

Este índice avalia a proporção de recursos próprios que estão imobilizados em ativos fixos, como imóveis, máquinas e equipamentos.

Fórmula:

IPL = Ativo Imobilizado / Patrimônio Líquido X 100

O IPL é relevante para entender a liquidez da empresa. Um índice alto indica que boa parte do capital próprio está alocado em ativos imobilizados, o que pode dificultar a conversão em dinheiro para quitar dívidas no curto prazo.

– Índice de Cobertura de Juros (ICJ)

Esse índice analisa a capacidade de a empresa gerar lucro suficiente para cobrir os juros de suas dívidas. Ele indica se o resultado operacional é suficiente para cobrir as despesas com juros, sendo essencial para avaliar a viabilidade financeira em cenários de endividamento.

Fórmula:

ICJ = EBIT / Despesas Financeiras

Um ICJ baixo significa que a empresa pode ter dificuldades para honrar seus compromissos com juros, o que pode ser um sinal de alerta. Empresas saudáveis costumam apresentar um índice de cobertura de juros acima de 1, indicando que conseguem cobrir as despesas financeiras com seus lucros operacionais.

– Índice de Liquidez Geral (LG)

Este índice avalia a capacidade de pagamento de curto e longo prazo da empresa em relação a seus passivos totais, indicando se a empresa possui recursos suficientes para quitar suas dívidas.

Fórmula:

Liquidez Geral = (Ativos Circulantes + Ativos Não Circulantes) / (Passivos Circulantes + Passivos Não Circulantes)

Um índice de LG acima de 1 indica que a empresa possui mais ativos do que passivos, sinalizando boa capacidade de pagamento. Valores muito baixos indicam que a empresa pode enfrentar dificuldades para arcar com seus compromissos.

– Índice de Alavancagem Financeira

O índice de alavancagem financeira mede a relação entre o total de ativos e o patrimônio líquido, indicando o quanto do ativo da empresa foi financiado com capital de terceiros.

Fórmula:

Alavancagem financeira = Lucro operacional / Lucro líquido

Esse índice permite entender o nível de risco da empresa. Quanto maior o índice, maior o grau de alavancagem, o que pode ser positivo em momentos de crescimento, mas representa maior exposição ao risco.

Como Analisar os Indicadores de Endividamento?

A análise dos indicadores de endividamento exige uma visão completa e integrada da saúde financeira da empresa. Veja algumas dicas:

– Comparação setorial: cada setor possui uma média de endividamento. Empresas de construção, por exemplo, tendem a ter índices de endividamento mais elevados do que empresas de tecnologia. Comparar os indicadores com a média do setor é essencial para obter uma análise precisa.

Análise de tendências: verificar a evolução dos indicadores ao longo do tempo é fundamental. Um aumento constante no índice de endividamento pode indicar uma deterioração financeira, enquanto uma queda pode representar uma estratégia de redução de risco.

Avaliação conjunta dos indicadores: nenhum indicador deve ser analisado isoladamente. Ao considerar todos os indicadores de endividamento juntos, é possível obter uma visão mais equilibrada sobre a saúde financeira da empresa.

– Consideração do ambiente econômico: em cenários de juros altos, por exemplo, é importante que a empresa tenha um bom índice de cobertura de juros. Já em períodos de expansão econômica, maior alavancagem pode ser benéfica para impulsionar o crescimento.

Como a MGC Capital pode ajudar a sua empresa em situações de dificuldade financeira e endividamento excessivo

Os indicadores de endividamento são uma ferramenta de análise preventiva importante. No entanto, não raramente a situação acaba fugindo do controle e exigindo medidas corretivas mais drásticas, como, por exemplo, um processo de turnaround e reestruturação de dívidas que garanta a sobrevivência do negócio.

Na MGC Capital, você conta com a atuação e suporte de uma equipe multidisciplinar altamente especializada, capaz de auxiliar sua empresa em situações de crise financeira e endividamento de alta complexidade. Nas áreas financeira e jurídica, contamos com um time de especialistas em criar e implementar soluções especificas em reestruturação de dívidas, capazes de reestabelecer a saúde financeira do negócio e aperfeiçoar seu desenvolvimento operacional. Conheça nossas soluções.

 

Sobre a MGC Capital

MGC Capital foi criada com o propósito de auxiliar corporações a sobreviverem e se reequilibrarem em um contexto de desafios econômicos.

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